A gonioscopia é o exame para avaliar o ângulo da câmara anterior. É especialmente importante para a avaliação de casos suspeitos de glaucoma (basicamente para diferenciar casos de ângulo estreito/fechado de casos de ângulo aberto), para estudo de tumores de íris, de trauma ocular ou suspeita de outras anormalidades.
É proibido instilar colírios para dilatação antes do exame de gonioscopia.
Saiba mais: Algumas indicações de Gonioscopia
Glaucoma de ângulo aberto
Glaucoma de ângulo fechado
A gonioscopia deve ser realizada em condição de luminosidade adequada e as seguintes perguntas devem ser respondidas:
1. A porção pigmentada do trabeculado é visível? Em qual extensão?
2. A íris toca a malha trabecular?
3. Se não, existem evidências de contato prévio? (Sinéquias anteriores periféricas ou impressão iriana)
4. Se não, qual a extensão circunferencial das sinéquias?
5. Se sim, o contato é reversível?
Princípios para uma boa gonioscopia:
•Anestesia
•Sala escura
– usar feixe de luz de 1 mm, estreito e mantê-lo longe da pupila
– paciente em posição primária do olhar
– não inclinar a lente
– usar corte óptico para identificar a Linha de Schwalbe (figura 1)
– após avaliar toda a circunferência do ângulo, aumentar a iluminação para a gonioscopia dinâmica (indentar e manipular a lente)
– pedir ao paciente para olhar em direção ao espelho
Figura 1. Anatomia – Gonioscopia
Lentes para Gonioscopia
• Lente de Goldmann
Para usar a lente de Goldmann há necessidade do uso de viscoelástico. Apoiando-se no limbo, essa lente não permite indentação e pode transmitir pressão sobre a periferia da córnea, estreitando o seio camerular.
• Lente de Zeiss/Possner/Sussmann (de indentação)
As lentes de indentação apóiam-se sobre a córnea, não necessitam de interface viscoelástica e possibilitam a gonioscopia de indentação, ou seja, ao serem pressionadas contra o olho, deslocam posteriormente o diafragma iridocristaliniano, possibilitando a diferenciação entre um fechamento angular aposicional e um fechamento por sinéquias anteriores periféricas (figura 2).
Figura 2. A gonioscopia de indentação permite o exame do recesso do seio camerular, mesmo em olhos de ângulo estreito.
Existem diversas classificações para os achados gonioscópicos que do ponto de vista prático pouco contribuem para as decisões clínicas, principalmente pela subjetividade do exame (figura 3).
Figura 3. Classificação da amplitude do seio camerular de acordo com as estruturas que são observadas no exame gonioscópico.
¾ += Seio amplo / muito amplo
Todas as estruturas são observadas, incluindo a faixa ciliar.
2+= Seio intermediário
As estruturas posteriores ao esporão escleral não são observadas.
1+= Seio estreito
É observada somente a linha de Schwalbe ou, às vezes, nem ela.
O corte óptico permite identificar uma descontinuidade entre a linha de per fil posterior da córnea (endotelial) e a linha de perfil iriano, indicando que há um espaço real entre a íris e a parede externa.
0= Seio fechado
Não se observa nenhuma estrutura do seio camerular e as linhas de perfil posterior da córnea (endotelial) e da íris se encontram, indicando toque iridocorneano.
Fundamental é determinar a presença de sinais que indiquem a ocorrência de fechamento angular, tais como impressão iriana e goniossinéquias. Na ausência desses sinais, a possibilidade de fechamento angular pode ocorrer quando o terço posterior do trabeculado não é observado em mais de 180° de extensão, sendo as demais estruturas visíveis (ângulo oclusível).
A presença de câmara central profunda com ângulo estreito sugere a configuração de íris em platô.
Na figura 4 estão representados os vários tipos de íris: Plana, Convexa, Côncava e em Platô (Plateau).
Figura 4. A configuração da íris é importante na avaliação da amplitude do ângulo da câmara anterior.
Fonte: 1° Consenso Brasileiro de Glaucoma Primário de Ângulo Fechado
Sociedade Brasileira de Glaucoma